tag:blogger.com,1999:blog-56774221635750379112024-03-14T11:02:48.213-07:00Cena Queermelhttp://www.blogger.com/profile/11387350699192591513noreply@blogger.comBlogger8125tag:blogger.com,1999:blog-5677422163575037911.post-61444998915197360472014-04-17T13:55:00.001-07:002014-04-17T13:55:02.218-07:00Exposição da Cena Queer<h3 style="background-color: white; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px;"><span style="font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 14px;">Fotografias realizadas durante o projeto e expostas através da técnica de lambe-lambe pelas ruas de Salvador.</span><span style="font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 14px;">Fotógrafo:Alex Oliveira</span></h3><div><span style="font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 14px;"><br />
</span></div><div><br />
</div><br />
<iframe style="border:none" src="https://cdns.snacktools.net/photosnack/embed_https.html?hash=pdunlccc&t=1397767910" width="576" height="384" allowfullscreen="true" mozallowfullscreen="true" webkitallowfullscreen="true" ></iframe>melhttp://www.blogger.com/profile/11387350699192591513noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5677422163575037911.post-7929903076025197612014-02-17T16:35:00.001-08:002014-02-17T16:38:43.431-08:00Cuceta<br />
<div style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.800000190734863px;">
Documentário sobre a banda queer: <b>Solange tô aberta</b></div>
<div style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.800000190734863px;">
de:Cláudio Manoel</div>
<br />
<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="//www.youtube.com/embed/WTDgw0Ms5Cs" width="420"></iframe>melhttp://www.blogger.com/profile/11387350699192591513noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5677422163575037911.post-29125560199270747752014-02-17T16:33:00.003-08:002014-02-17T16:45:27.289-08:00Ultima oportunidade antes do carnaval! <div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
Não Perca! Até esta sexta 21/02. </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh85eFtQf-e0fZpEM0dFwg44JDC6ZRmBhjGWj-kmYE1OpVq-qsytqwTMCatbxkmh3tIA7QfVX1G3I1Fv5N4ylDJ5m_aKnlUjeTGL1lNWz7zqodtwhQcHueM17gUSHTt_eSw-fTQGf0pLHhU/s1600/G-_prefeitura_cartaz_2.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh85eFtQf-e0fZpEM0dFwg44JDC6ZRmBhjGWj-kmYE1OpVq-qsytqwTMCatbxkmh3tIA7QfVX1G3I1Fv5N4ylDJ5m_aKnlUjeTGL1lNWz7zqodtwhQcHueM17gUSHTt_eSw-fTQGf0pLHhU/s1600/G-_prefeitura_cartaz_2.jpg" height="400" width="282" /></a></div>
<br />melhttp://www.blogger.com/profile/11387350699192591513noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5677422163575037911.post-71083889841119350932014-02-13T10:01:00.002-08:002014-02-13T10:01:30.660-08:00Mais Cena Queer em Fevereiro<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgf7sNoa5defWscjb2ILPl_HDK6-PG80ZUQp1gZVLs1Tn2AfZo4RYZjYshsVX0EuqvTwlj0GNqzyuO50Fv7yS5XTC49fPS7tiynTUMX-JqOYGCkUwwP0rB4M1eMEoCI2sLqYAEu6gIlpq0q/s1600/cartaz_Queer_semana1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgf7sNoa5defWscjb2ILPl_HDK6-PG80ZUQp1gZVLs1Tn2AfZo4RYZjYshsVX0EuqvTwlj0GNqzyuO50Fv7yS5XTC49fPS7tiynTUMX-JqOYGCkUwwP0rB4M1eMEoCI2sLqYAEu6gIlpq0q/s1600/cartaz_Queer_semana1.jpg" height="400" width="282" /></a></div>
<br />melhttp://www.blogger.com/profile/11387350699192591513noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5677422163575037911.post-76126044903649237042014-02-05T06:53:00.002-08:002014-02-05T06:53:22.136-08:00Por vidas mais singulares<br />
<i>Leandro Colling*</i><br />
<br />
<span style="font-family: inherit;">As edições anteriores da Cena Queer, e essa nova que agora ocorre, mostram como </span><span style="font-family: inherit;">existem formas muitos diferentes de estranhar as normas e convenções sociais que </span><span style="font-family: inherit;">geram tantos preconceitos, sejam eles diretamente relacionados ou não com as </span><span style="font-family: inherit;">sexualidades ou os gêneros.</span><br />
<span style="font-family: inherit;"><br /></span>
<span style="font-family: inherit;">Ainda que o foco central recaia sobre o campo das dissidências sexuais e dos múltiplos </span><span style="font-family: inherit;">gêneros, a Cena Queer também estranha as próprias formas canônicas das artes, a </span><span style="font-family: inherit;">intensa relação da sexualidade com as questões raciais e os padrões corporais que geram </span><span style="font-family: inherit;">essa corrida louca por um corpo que ninguém, a rigor, alcança, mesmo consumindo </span><span style="font-family: inherit;">cavalares doses de creatina e outras substâncias combinadas com trabalhos forçados nas </span><span style="font-family: inherit;">academias de ginástica. </span><br />
<span style="font-family: inherit;"><br /></span>
<span style="font-family: inherit;">Essa riqueza da Cena Queer demonstra como o estranhamento provocado pelos </span><span style="font-family: inherit;">embaralhamentos dos gêneros, combinados com fortes críticas que desconstroem as </span><span style="font-family: inherit;">normas que geram violentos processos de subalternização, podem ser feitas de inúmeras </span><span style="font-family: inherit;">formas. </span><br />
<span style="font-family: inherit;"><br /></span>
<span style="font-family: inherit;">Ou seja, não existe um modelo, um manual de como fazer uma cena queer. Ao invés de </span><span style="font-family: inherit;">uma nova identidade, escola, tendência ou estética, o que se vê é uma multiplicidade e </span><span style="font-family: inherit;">singularidade de manifestações e criações. Mas, ao mesmo tempo, isso não quer dizer </span><span style="font-family: inherit;">que vale tudo, o que qualquer coisa é queer. </span><br />
<span style="font-family: inherit;"><br /></span>
<span style="font-family: inherit;">O que une as performances é a sua veia crítica, o desejo como potência de revelar as </span><span style="font-family: inherit;">nossas singularidades, e não o projeto de criar novos padrões, sejam eles quais forem. </span><br />
<span style="font-family: inherit;"><br /></span>
<span style="font-family: inherit;">Assim, surgem novas possibilidades de viver, novos modos de existência, novos </span><span style="font-family: inherit;">gêneros, sempre múltiplos, novos processos de subjetivação, cada um com as suas </span><span style="font-family: inherit;">particularidades, com as suas combinações. </span><br />
<span style="font-family: inherit;"><br /></span>
<span style="font-family: inherit;">No fundo, somos um pouco assim, mas querem-nos uniformes, padronizados, </span><span style="font-family: inherit;">normatizados, iguais a determinados modelos que de tão inumanos jamais alcançamos. </span><br />
<span style="font-family: inherit;"><br /></span>
<span style="font-family: inherit;">Esses novos processos de subjetivação impulsionados por experiências como as da </span><span style="font-family: inherit;">Cena Queer buscam deixar tudo isso mais perceptível para que, aí sim, nós mesmos </span><span style="font-family: inherit;">construamos as nossas vidas como uma obra de arte.</span><br />
<span style="font-family: inherit;"><br /></span>
<span style="font-family: inherit;">Suely Rolnik, em Cartografia sentimental, transformações contemporâneas do desejo, </span><span style="font-family: inherit;">nos mostra como movimento antropofágico e da contracultura também vislumbravam </span><span style="font-family: inherit;">a gestação de uma “subjetividade flexível e a radical experimentação de modos de </span><span style="font-family: inherit;">existência” (p. 15). A partir da ditadura, no entanto, defende Rolnik, se instalou no </span><span style="font-family: inherit;">Brasil um abismo inegociável entre duas vertentes, a micro e a macropolítica. Uma </span><span style="font-family: inherit;">das causas da criação desse abismo esteve na “dificuldade que se tinha no Brasil de </span><span style="font-family: inherit;">reconhecer a potência política da arte e, portanto, o caráter político da experimentação </span><span style="font-family: inherit;">cultural e existencial” (p. 15).</span><br />
<span style="font-family: inherit;"><br /></span>
<span style="font-family: inherit;">Depois veio a ditadura, que impactou muito na micropolítica. “O que caracteriza a </span><span style="font-family: inherit;">política de subjetivação desses regimentos, sejam eles de direita ou de esquerda, é </span><span style="font-family: inherit;">o enrijecimento patológico do princípio identitário” (p. 16). Para ela, o movimento </span><span style="font-family: inherit;">antropofágico, em 1920, reformulado pela contracultura nos anos 1960 e 70, teve como </span><span style="font-family: inherit;">um dos seus principais alvos a crítica ao regime identitário.</span><br />
<span style="font-family: inherit;"><br /></span>
<span style="font-family: inherit;">Hoje, continua ela, não estamos mais sob o regimento identitário, pois dispomos de uma </span><span style="font-family: inherit;">“subjetividade flexível”, mas o problema é que agora ela foi cooptada pelo capitalismo </span><span style="font-family: inherit;">cognitivo, que “apropriou-se da potência de criação que então se emancipava na vida </span><span style="font-family: inherit;">social para colocá-la de fato no poder” (p. 18).</span><br />
<span style="font-family: inherit;"><br /></span>
<span style="font-family: inherit;">Recupero essas reflexões de Rolnik porque elas dão bem a dimensão de uma proposta </span><span style="font-family: inherit;">como a Cena Queer: pela micropolítica (que não significa política em escala micro, </span><span style="font-family: inherit;">mas a geração de novos processos de subjetivação), pela potência política da arte, com </span><span style="font-family: inherit;">críticas a apropriação de nossas vidas pelo deus mercado, singularize-se, e se jogue!</span><br />
<span style="font-family: inherit;"><br /></span>
<span style="font-family: inherit;">Leandro</span><br />
<i style="font-family: inherit;">* professor da Universidade Federal da Bahia, coordenador do CUS.</i>melhttp://www.blogger.com/profile/11387350699192591513noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5677422163575037911.post-13203975557468936052014-01-29T10:48:00.002-08:002014-01-29T10:59:15.848-08:00O corpo nu, aqui, é o corpo imigrante<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgatc9jJkRtduijokj7FqHL0lWTDtaikfJuQZv0RSur2ScSOiuaAoGMxM644iX6ML5H9mEI5rnT_N27ecPIlT4hybLPOU200LfBwJbAFV8vG8tcDzI83TxRJZedScF2zC18f3ktaFNKut5R/s1600/slutwalkb-6.jpeg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgatc9jJkRtduijokj7FqHL0lWTDtaikfJuQZv0RSur2ScSOiuaAoGMxM644iX6ML5H9mEI5rnT_N27ecPIlT4hybLPOU200LfBwJbAFV8vG8tcDzI83TxRJZedScF2zC18f3ktaFNKut5R/s1600/slutwalkb-6.jpeg" height="200" width="121" /></a><i><span style="font-size: x-small;"></span></i><br />
<i><span style="font-size: x-small;"><span style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px; font-style: normal;"><br /></span></span></i>
<i><span style="font-size: x-small;"><span style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px; font-style: normal;"><br /></span></span></i>
<i><span style="font-size: x-small;"><span style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px;"><b>Pedro Costa</b></span></span></i><br />
<i><span style="font-size: x-small;"><i><span style="font-size: x-small;"><br /></span></i></span></i>
<i><span style="font-size: x-small;"><i><span style="font-size: x-small;">Esse texto inicalmente foi escrito para participar do evento Desfazendo Genero, que ocorreu ano passado em Natal, na UFRN, no GT „Teoria Queer, Corpo, Legislacao e Direito na Arte Contemporanea: Subjetividade, Estigma, Cidadania e Livre Expressao“. Como a participacao online foi vetada, eu repasso ele agora sem modificacoes, em primeira mao. Ele ficou pronto em 14/08/2013.</span></i></span></i><br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<blockquote class="tr_bq">
<sub><span lang="DE" style="color: #00000a; font-family: "Arial","sans-serif"; mso-fareast-font-family: Arial;"><u>Resumo</u></span></sub><sub><span lang="DE" style="color: #00000a; font-family: "Arial","sans-serif"; mso-fareast-font-family: Arial;">Aqui não é o corpo nu que incomoda, mas o corpo imigrante.
Para isso, falarei da minha experiencia imigrante <i>from Brazil</i>, vivendo a quase 3 anos em Berlim-Alemanha. O meu
interesse em Berlim foi, principalmente, a cena queer. Falarei de duas
experiências principais: uma em Berlim, com foco na criação da <i>Coalition Black and People of Colour </i>na
cena queer, e a do evento político-artístico em Linz-Austria <i>Fest des Lachens: “Wer lacht(e) wann über
wen?” </i>(Festa do Riso: “Quem ri de quem?”), realizado pelo <i>maiz kultur</i>, organização que trabalha
com mulheres migrantes e onde fui convidado como performer e palestrante. Em
Berlim existe a “Cultura do Corpo Livre” (FKK – Freikörperkultur), tornando o
corpo nu livre de pré-conceitos e moralismos. A minha proposta, então, é
relatar sobre o corpo imigrante, a partir da minha experiência como imigrante e
artista.</span></sub></blockquote>
<div class="Standard" style="line-height: 13.8pt; margin-bottom: 10.0pt; mso-line-height-rule: exactly;">
<br /></div>
<div class="Standard" style="line-height: 13.8pt; margin-bottom: 10.0pt; mso-line-height-rule: exactly;">
<sub><span lang="DE" style="color: #00000a; font-family: "Arial","sans-serif"; mso-fareast-font-family: Arial;"><o:p> </o:p></span></sub><b style="line-height: 13.8pt;"><sub><span lang="DE" style="color: #00000a; font-family: "Arial","sans-serif"; mso-fareast-font-family: Arial;">Uma introducao para se perder</span></sub></b></div>
<div class="Standard" style="line-height: 13.8pt; margin-bottom: 10.0pt; mso-line-height-rule: exactly;">
<sub><span lang="DE" style="color: #00000a; font-family: "Arial","sans-serif"; mso-fareast-font-family: Arial;">O que relato aqui nasceu inspirado da intervencao
artística do Grupo Corpo Livre realizado na UFRN, com corpos nus. As fotos
divulgadas na internet e os comentários moralistas e sexistas, e a sindicancia
aberta pela UFRN, me fizeram pensar sobre muitas questoes sobre arte,
liberdades do corpo, patriarcalismo, colonizacao e instituicao academica entre
Natal e Berlim. Natal, cidade onde vivi por mais de uma década e Berlim, cidade
onde vivo atualmente.</span></sub><span lang="DE"><o:p></o:p></span></div>
<div class="Standard" style="line-height: 13.8pt; margin-bottom: 10.0pt; mso-line-height-rule: exactly;">
<sub><span lang="DE" style="color: #00000a; font-family: "Arial","sans-serif"; mso-fareast-font-family: Arial;">A escrita que está aqui, é uma escrita fracassada e
errada. Uma escrita conectada com a minha vida e minha experiencia. Um relato
confessional. Um portugues escrito errado, sem acentos, que denuncia o limite
do computador sem um teclado apropriado à língua portuguesa. Um texto que
denuncia anos livre de uma escrita academica, onde nunca consegui me adestrar.
Longe, mas talvez perto, das normas da ABNT. Uma experiencia borrada, onde a
(im)posicao da "integracao" (Integration) é uma (im)possibilidade. É
impossível deixar de ser o que se é. Só é possível somar, mas nem tudo. Um soma
filtrada. Nesse transito, muita coisa se quebra. Isso nao é uma posicao de
vítima, mas um lamento, uma melancolia pós-colonial. Ao mesmo tempo,
"Nuestra venganza es ser felices", como escrevem nos muros da cidade
de La Paz, Mujeres Creando.</span></sub><span lang="DE"><o:p></o:p></span></div>
<div class="Standard" style="line-height: 13.8pt; margin-bottom: 10.0pt; mso-line-height-rule: exactly;">
<sub><span lang="DE" style="color: #00000a; font-family: "Arial","sans-serif"; mso-fareast-font-family: Arial;">Essa semana, além da luta com os insistentes desejos de
escrever um super mega crítico texto academico, existem mais duas lutas que tem
sido fundamentais que aparecam, mesmo que indiretamente, aqui. Meu pai, a
primeira encarnacao do patriarcalismo que me fez o que sou, está prestes a
fazer uma cirurgia no coracao. Vivo todos os dias com a incerteza de ir, de
Berlim a Natal, passar de duas semana a um mes, cuidando dele. O segundo caso,
é que fui a Áustria, no evento que descrevi no resumo. Lá, conheci as pessoas
que sao refugiadas políticas, a maioria do Paquistao, e que tem o movimento lá,
que vinha ganhando visibilidade e forca política nos últimos meses. A mais ou
menos dez dias, o governo austríaco prendeu oitos pessoas, os quais conheci, e
está tentando criminalizar a todos. Um deles foi deportado. No Paquistao,
quando eles sao deportados, existem quatro caminhos: serem mortos pelo grupo Taliban,
serem presos ou assassinados pelo governo, se suicidarem ou se tornarem
"invisíveis", se escondendo pelas florestas. "Prefiro ficar anos
na prisao na Áustria, do que ser deportado ao Paquistao", foi uma das
coisas que ouvi diretamente.</span></sub><span lang="DE"><o:p></o:p></span></div>
<div class="Standard" style="line-height: 13.8pt; margin-bottom: 10.0pt; mso-line-height-rule: exactly;">
<sub><span lang="DE" style="color: #00000a; font-family: "Arial","sans-serif"; mso-fareast-font-family: Arial;">Todas essas questoes estao aqui. Se escrever é criar uma
ficcao, entao essa é a tentativa, misturada com relatos vivenciais. Uma
tentativa quebrada na história, de tentar dizer tao pouco, de tao muito que
acontece. E, nao se engane, tudo aqui é pirataria, um pouco caótico, um pouco
esquizofrenico e, bem possível, com uma pitada de <i>drama queen</i>.</span></sub><span lang="DE"><o:p></o:p></span></div>
<div class="Standard" style="line-height: 13.8pt; margin-bottom: 10.0pt; mso-line-height-rule: exactly;">
<br /></div>
<div class="Standard" style="line-height: 13.8pt; margin-bottom: 10.0pt; mso-line-height-rule: exactly;">
<b><sub><span lang="DE" style="color: #00000a; font-family: "Arial","sans-serif"; mso-fareast-font-family: Arial;">Uma introducao ao corpo livre (livre, mas nem tanto)</span></sub></b><b style="line-height: 13.8pt;"><sub><span lang="DE" style="color: #00000a; font-family: "Arial","sans-serif"; mso-fareast-font-family: Arial;"><o:p> </o:p></span></sub></b></div>
<div class="Standard" style="line-height: 13.8pt; margin-bottom: 10.0pt; mso-line-height-rule: exactly;">
<sub><span lang="DE" style="color: #00000a; font-family: "Arial","sans-serif"; mso-fareast-font-family: Arial;">Em Berlim, é comum a prática do nudismo e/ou naturismo,
com o nome de Cultura do Corpo Livre (FKK - FreiKörperKultur). Na Alemanha, No
final do século XIX se inicia o movimento de naturismo ou nudismo. Em 1898 se
cria o primeiro clube de nudismo na Alemanha, na cidade de Essen. Em 1903, se
instaura a cultura do nudismo no país. Obviamente, esse foi e continua sendo um
movimento político de liberdade do corpo, que conecta às liberdades individuais
e coletivas, que surgiu como parte do Movimento de Reforma da Vida. No início
do século 20, surgiram diversas publicações voltadas ao naturismo mas o rápido
crescimento do naturismo foi barrado pelos nazistas em 1933 e ganhou vida
novamente após a Segunda Guerra Mundial. O banhar-se nu aos poucos foi se
tornando comum em lagos e praias da República Democrática Alemã (RDA), o número
de associações e áreas reservadas para adeptos da FKK voltou a crescer na
Alemanha.</span></sub><span lang="DE"><o:p></o:p></span></div>
<div class="Standard" style="line-height: 13.8pt; margin-bottom: 10.0pt; mso-line-height-rule: exactly;">
<br /></div>
<div class="Standard" style="line-height: 13.8pt; margin-bottom: 10.0pt; mso-line-height-rule: exactly;">
<sub><span lang="DE" style="color: #00000a; font-family: "Arial","sans-serif"; mso-fareast-font-family: Arial;">Atualmente, algumas preocupacoes com o movimento sao que
os adeptos oficiais estao diminuindo. Um dos motivos, seria a moda. O estar
vestido seria mais importante que o estar nu. O diferencial pela roupa que se
veste seria mais importante que a igualdade que a nudez proporciona. Sem roupa
não há afirmação de status social.</span></sub><span lang="DE"><o:p></o:p></span></div>
<div class="Standard" style="line-height: 13.8pt; margin-bottom: 10.0pt; mso-line-height-rule: exactly;">
<sub><span lang="DE" style="color: #00000a; font-family: "Arial","sans-serif"; mso-fareast-font-family: Arial;">O que já ouvi aqui, é que as pessoas nao acreditam que num
país como o Brasil, onde aparentemente a liberdade com corpo e com as sexualidades
é visível através do carnaval, praias, natureza e ótimo clima, possa existir
casos como esse do grupo Corpo Livre, ainda mais sendo o ato uma intervencao de
arte. Percepcoes essas que desminto rapidamente, vomitando dados estatísticos
de violencia contra mulheres, pessoas negras e LGBT's.</span></sub><span lang="DE"><o:p></o:p></span></div>
<div class="Standard" style="line-height: 13.8pt; margin-bottom: 10.0pt; mso-line-height-rule: exactly;">
<sub><span lang="DE" style="color: #00000a; font-family: "Arial","sans-serif"; mso-fareast-font-family: Arial;">Ficar nu, aqui, pode causar espanto e as pessoas podem
sofrer repressao através de violencia física, nos espacos que nao estao
destinados ao exercício da Cultura do Corpo Livre. Mas, o que mais causa danos
as pessoas sao os microfacismos, os choques culturais, a gentrificacao, as
politicas de imigracao e de refugiados politicos em Berlim.</span></sub><span lang="DE"><o:p></o:p></span></div>
<div class="Standard" style="line-height: 13.8pt; margin-bottom: 10.0pt; mso-line-height-rule: exactly;">
<br /></div>
<div class="Standard" style="line-height: 13.8pt; margin-bottom: 10.0pt; mso-line-height-rule: exactly;">
<b><sub><span lang="DE" style="color: #00000a; font-family: "Arial","sans-serif"; mso-fareast-font-family: Arial;">Relatando o desejo de viver de em Berlim</span></sub></b><span lang="DE"><o:p></o:p></span></div>
<div class="Standard" style="line-height: 13.8pt; margin-bottom: 10.0pt; mso-line-height-rule: exactly;">
<sub><span lang="DE" style="color: #00000a; font-family: "Arial","sans-serif"; mso-fareast-font-family: Arial;">A primeira vez que saí do Brasil, para fazer turne com o
meu projeto "Solange, to aberta!" ou STA!, foi em 2009. Na epoca,
vivia no Rio de Janeiro e estava conectada com as pessoas dos direitos humanos,
artistas e punks. Um mes antes de viajar, sofri homofobia e omissao policial na
Lapa. Lugar que atualmente é um foco homofóbico. Escrevi uma carta relatando o
caso, e foi muito divulgado na mídia oficial. Mesmo sendo acompanhado, e sem
violencia fisica grave com as pessoas que estavam comigo, tive que tomar duas
decisoes: ou denunciar os policiais, abrir um processo e ir fazer o reconhecimento
deles, ou ir viajar. Decidi viajar, e acabei descobrindo as sutilidades que se
escondiam por tras de "um bando de garotos homofobicos" e por tras da
"omissao policial". Nada era tao simples como parecia ser. Deixei pra
lá esse caso, e me preparei para a viagem.</span></sub><span lang="DE"><o:p></o:p></span></div>
<div class="Standard" style="line-height: 13.8pt; margin-bottom: 10.0pt; mso-line-height-rule: exactly;">
<sub><span lang="DE" style="color: #00000a; font-family: "Arial","sans-serif"; mso-fareast-font-family: Arial;">Ao chegar em Berlim, me deparo com uma cena queer
incrível: bares, festas solidárias, pessoas, coletivos, um clima de liberdade e
lutas políticas no ar. Nao precisava falar línguas, pois tudo era compreendido
pelos gestos e desejos apesar de que, quanto mais eu bebia, mas eu conseguia me
comunicar. Me apresentei em Hamburgo, também na Alemanha, em
Copenhague-Dinamarca e em Varsóvia-Polonia, em lugares e pessoas queer
incríveis. Tudo foi novo e muito intenso.</span></sub><span lang="DE"><o:p></o:p></span></div>
<div class="Standard" style="line-height: 13.8pt; margin-bottom: 10.0pt; mso-line-height-rule: exactly;">
<sub><span lang="DE" style="color: #00000a; font-family: "Arial","sans-serif"; mso-fareast-font-family: Arial;">Ao ir de Berlim a Varsóvia, no trem, tres policiais entram
no vagao. Estou só, com mais 3 mulheres brancas, loiras e olhos claros, na
cabine. Numa forma raivosa de falar, eles pedem o meu passaporte. Detalhe,
pedem apenas o MEU passaporte. Percebi, naquele momento, que meu corpo era um
corpo diferenciado. Com meus cabelos e olhos pretos, e outras formas corporais,
eu tinha um corpo passível/possível de cometer crimes e, portanto, necessitava
ser controlado.</span></sub><span lang="DE"><o:p></o:p></span></div>
<div class="Standard" style="line-height: 13.8pt; margin-bottom: 10.0pt; mso-line-height-rule: exactly;">
<sub><span lang="DE" style="color: #00000a; font-family: "Arial","sans-serif"; mso-fareast-font-family: Arial;">Na última vez que voltei do Brasil para Alemanha em 2012,
no aeroporto, a polícia controlou a todos, pedindo o passaporte. Com uma cara
feia, ve meu passaporte brasileiro, de cor azul marinho, e eu digo: <i>Ich wohne in Berlin </i>e ela ve meu papel
oficial, com direito a viver e trabalhar na Alemanha, e sorri.</span></sub><span lang="DE"><o:p></o:p></span></div>
<div class="Standard" style="line-height: 13.8pt; margin-bottom: 10.0pt; mso-line-height-rule: exactly;">
<br /></div>
<div class="Standard" style="line-height: 13.8pt; margin-bottom: 10.0pt; mso-line-height-rule: exactly;">
<b><sub><span lang="DE" style="color: #00000a; font-family: "Arial","sans-serif"; mso-fareast-font-family: Arial;">A (re)volta e o corpo inconformado</span></sub></b><span lang="DE"><o:p></o:p></span></div>
<div class="Standard" style="line-height: 13.8pt; margin-bottom: 10.0pt; mso-line-height-rule: exactly;">
<sub><span lang="DE" style="color: #00000a; font-family: "Arial","sans-serif"; mso-fareast-font-family: Arial;">Apesar de ter apenas conhecido a noite de Berlim, onde
fiquei mais tempo que nas outras cidades, eu me identifiquei totalmente. Aqui,
a cena estaria pronta, construída, e tudo o que eu buscava em termos de arte e
política queer, além dos pequenos detalhes da vida cotidiana, encontraria
morando em Berlim. Voltei ao Brasil, sem desejo algum de voltar. Chegando no
Rio, tudo me soava assustador, violento, uma vida a qual nao fazia mais parte,
um estrangeiro. Passei cinco dias sem sair de casa. Morei mais dois meses no
Rio, e voltei a morar em Natal, pois minha família tinha residencia fixa na
cidade, e todos os importantes documentos e formas de me organizar para viver
em outro país, estavam lá. Nesse período em Natal, decidi parar com a STA!,
pois meu ex-companheiro no projeto tinha saído para seguir carreira solo, e eu
necessitava pensar se continuaria sozinho como Solange. Decidi fazer
performance arte, como artista com experiencia, com leituras, viajado, acabado
de entrar na década dos 30. Um artista maduro.</span></sub><span lang="DE"><o:p></o:p></span></div>
<div class="Standard" style="line-height: 13.8pt; margin-bottom: 10.0pt; mso-line-height-rule: exactly;">
<sub><span lang="DE" style="color: #00000a; font-family: "Arial","sans-serif"; mso-fareast-font-family: Arial;">XIII Salão de Artes Visuais da Cidade do Natal. A
perfomance (sem título) do terço. A discussão foi sobre o ato de expurgar os
jesuítas e seu discurso de civilização sobre corpos/culturas indígenas e
africanas. Uma resistência às fornicações coloniais dos jesuítas e
colonizadores sobre os corpos. A descolonização do meu corpo através da
excretação do terço, um dos simbolos do domínio colonialista. E, ao mesmo
tempo, expurgar a interdição católica sobre o prazer anal e a afirmar o prazer
da "sodomia" (termo usado no período colonial para indicar o uso do
anus como orgao sexual). Obviamente, criticar a instituicao católica é criticar
a estrutura social em sua base.</span></sub><span lang="DE"><o:p></o:p></span></div>
<div class="Standard" style="line-height: 12.0pt; margin-bottom: 10.0pt; mso-line-height-rule: exactly;">
<br /></div>
<div class="Standard" style="line-height: 13.8pt; margin-bottom: 10.0pt; mso-line-height-rule: exactly;">
<sub><span lang="DE" style="color: #00000a; font-family: "Arial","sans-serif"; mso-fareast-font-family: Arial;">Meses após a realizacao dessa performance e feliz com todo
o <i>basfond</i> que ela causou, e que levantou
a questao filosófica "o que é arte?", eu estaria chegando em Berlim.
Dessa vez nao como turista, mas como um retirante. <i>"Eh, vida de cão! Trabalha e nunca tem nada não. Danação!
Arrancando o couro pro patrão. Pros feitor e pros macaco so pedindo proteção. A
corisco, a ventania, a vorta-seca, a lampião. Aí que eles vão ver como se dança
o baião. Bota o cristão de joelho pra sangrá o coração. E sai o facão vermelho
igual luar do sertão" </i>(ouvi muito Cinto Cruzado, na voz de Clara
Nunes, música apresentada pela amiga Leilane).</span></sub><span lang="DE"><o:p></o:p></span></div>
<div class="Standard" style="line-height: 13.8pt; margin-bottom: 10.0pt; mso-line-height-rule: exactly;">
<br /></div>
<div class="Standard" style="line-height: 13.8pt; margin-bottom: 10.0pt; mso-line-height-rule: exactly;">
<b><i><sub><span lang="DE" style="color: #00000a; font-family: "Arial","sans-serif"; mso-fareast-font-family: Arial;">Endlich Berliner</span></sub></i></b><b><sub><span lang="DE" style="color: #00000a; font-family: "Arial","sans-serif"; mso-fareast-font-family: Arial;">.</span></sub></b><span lang="DE"><o:p></o:p></span></div>
<div class="Standard" style="line-height: 13.8pt; margin-bottom: 10.0pt; mso-line-height-rule: exactly;">
<sub><span lang="DE" style="color: #00000a; font-family: "Arial","sans-serif"; mso-fareast-font-family: Arial;">E suas histórias. E aprender alemao. E ter liberdade com
outros corpos livres. E saber o que é ser imigrante. Todas elas aconteceram,
umas mais, outras menos.</span></sub><span lang="DE"><o:p></o:p></span></div>
<div class="Standard" style="line-height: 13.8pt; margin-bottom: 10.0pt; mso-line-height-rule: exactly;">
<br /></div>
<div class="Standard" style="line-height: 13.8pt; margin-bottom: 10.0pt; mso-line-height-rule: exactly;">
<b><sub><span lang="DE" style="color: #00000a; font-family: "Arial","sans-serif"; mso-fareast-font-family: Arial;">Linz, Áustria, e a Festa do Riso</span></sub></b></div>
<div class="Standard" style="line-height: 13.8pt; margin-bottom: 10.0pt; mso-line-height-rule: exactly;">
<sub><span lang="DE" style="color: #00000a; font-family: "Arial","sans-serif"; mso-fareast-font-family: Arial;">Fui convidado como performer e palestrante no evento
político-artístico em Linz, <i>Fest des
Lachens: “Wer lacht(e) wann über wen?” </i>(Festa do Riso: “Quem ri de quem?”),
realizado pelo <i>maiz kultur</i>,
organização que trabalha com mulheres imigrantes, contra o racismo e o sexismo.
Participei da palestra <i>Queer was? Queer
wer? Queer wie?</i>. E realizei a performance de Solange, to aberta!. Um dos
grupos feministas convidadas foi a Mujeres Creando, de La Paz, Bolívia. A
intervencao artística de Maria Galindo e Danitza Luna, foram o de pichar as
frases, como o grupo faz em La Paz.</span></sub><span lang="DE"><o:p></o:p></span></div>
<div class="Standard" style="line-height: 13.8pt; margin-bottom: 10.0pt; mso-line-height-rule: exactly;">
<br /></div>
<div class="Standard" style="line-height: 13.8pt; margin-bottom: 10.0pt; mso-line-height-rule: exactly;">
<sub><span lang="DE" style="color: #00000a; font-family: "Arial","sans-serif"; mso-fareast-font-family: Arial;">Maria Galindo iniciou o trabalho, com uma tinta spray
preta, lavável, nas escadarias da praca onde acontecia o evento a céu aberto,
onde se encontra também o The Ars Eletronic Center, importante centro de artes
eletronicas européia. Um homem alto, branco, loiro, iniciou uma série de
ataques verbais a Maria. Uma das organizadoras do evento foi intervir, e acabou
sendo agredida verbalmente. Comeca uma confusao, onde as pessoas do evento vao
para cima do homem. Mesmo com toda a explicacao sobre o evento, da autorizacao
da polícia para a realizacao da intervencao, ele nao se contenta e mostra os
seus podres poderes. É austríaco, macho e artista intelectual que trabalha no
The Ars Eletronic Center. Pronto, o pacote completo de tudo que Mujeres Creando
luta contra, se personifica ali, em nossa frente. "No se puede
descolonizar sin despatriarcalizar". Todos descem da escada, ficam na
praca, e a conversa continua com a senhora do maiz kultur, uma das fundadoras
da organizacao e brasileira. Ele a violenta fisicamente, empurrando ela. Um dos
refugiados políticos vai para cima dele, ataca-lo, mas é separado por outras
pessoas, visto a situacao dos refugiados, que nao podem se envolver em nada que
os possa criminalizar, com o risco de serem deportados. Uma das meninas,
especialista em Karate, defere um golpe no austríaco que o derruba ao chao, sem
ele nem perceber o que aconteceu. Confusao, ele liga para a polícia, no alto do
seu poder europeu, branco, macho e intelectual humilhado por mulheres
imigrantes, das margens do mundo. Refugiados e ilegais desaparecem. As pessoas
que estao no bar/espaco cultural de esquerda onde acontece e suporta o evento,
vao todas ver a conversa com a senhora da organizacao e o homem. Estou lá também.
Os policiais ouvem a história, e perguntam: quem pichou? Todas, umas trinta
pessoas, e eu entre elas, levantamos as maos. Chega uma das organizadoras com a
documentacao oficial da policia, e a comprovacao de que o spray era lavável.
Tudo está sendo filmado por uma das organizadoras. Uma mulher grávida, com uma
filha pequena, pega a tinta spray e afirma que estava pichando também, e se
havia algum problema. O homem pede atencao e se desculpa oficialmente, na
frente de todas as pessoas. Se ve claramente o medo em seus olhos, de receber
um processo juridíco. A polícia, numa das falas, afirma que o que causou o
problema foi porque as mulheres nao sabiam falar bem alemao. Recomeca a
discussao, e acusacao clara de racismo vindo da polícia. As coisas se acalmam,
e acredito que os processos jurídicos foram devidamente encaminhados. A policia
e o homem vao embora, e fomos pichar toda a praca, a convite de Mujeres
Creando. Eu pichei a minha frase: "A revolucao é o meu pau mole",
frase que Maria Galindo está pichando em La Paz, assinando como Pedro Costa.</span></sub><span lang="DE"><o:p></o:p></span></div>
<div class="Standard" style="line-height: 13.8pt; margin-bottom: 10.0pt; mso-line-height-rule: exactly;">
<br /></div>
<div class="Standard" style="line-height: 12.0pt; margin-bottom: 10.0pt; mso-line-height-rule: exactly;">
<b><i><sub><span lang="DE" style="color: #00000a; font-family: "Arial","sans-serif"; mso-fareast-font-family: Arial;">Coalition Black and People of Colour </span></sub></i></b><b><sub><span lang="DE" style="color: #00000a; font-family: "Arial","sans-serif"; mso-fareast-font-family: Arial;">na cena queer de Berlim</span></sub></b><span lang="DE"><o:p></o:p></span></div>
<div class="Standard" style="line-height: 12.0pt; margin-bottom: 10.0pt; mso-line-height-rule: exactly;">
<sub><span lang="DE" style="color: #00000a; font-family: "Arial","sans-serif"; mso-fareast-font-family: Arial;">Manifesto que tem circulado pela internet:</span></sub><span lang="DE"><o:p></o:p></span></div>
<div class="Standard" style="line-height: 12.0pt; mso-line-height-rule: exactly;">
<i><sub><span lang="DE" style="color: #00000a; font-family: "Arial","sans-serif"; mso-fareast-font-family: Arial;">Khalas!!! We’re vex!<br />
We are here – we have always been here!</span></sub></i><span lang="DE"><o:p></o:p></span></div>
<div class="Standard" style="line-height: 12.0pt; margin-top: 6.25pt; mso-line-height-rule: exactly;">
<i><sub><span lang="DE" style="color: #00000a; font-family: "Arial","sans-serif"; mso-fareast-font-family: Arial;">We are queer, trans*, inter* Black and People of Color
(QTIBPoC), we are many, we are fundamentally different and we are pissed off.</span></sub></i><span lang="DE"><o:p></o:p></span></div>
<div class="Standard" style="line-height: 12.0pt; margin-top: 6.25pt; mso-line-height-rule: exactly;">
<i><sub><span lang="DE" style="color: #00000a; font-family: "Arial","sans-serif"; mso-fareast-font-family: Arial;">Have you ever asked yourself, why we’re so angry? Suddenly you
discovered racism? What you learn about in a workshop is our everyday reality –
and this includes our reality with you, too. We have been watching you for a
long time now. Is your memory really that bad? We are not the first ones to
express this – there has been a long history of QTIBPoC and we will no longer
educate you.<br />
Some of us think: why do you call yourself anti-racists, when you don’t have
any contact to BPoC (other than a sexual one that serves you well in your cv)?
Don’t you think we know very well that you use this as arguments in debates on
racism? Khalass!</span></sub></i><span lang="DE"><o:p></o:p></span></div>
<div class="Standard" style="line-height: 12.0pt; margin-top: 6.25pt; mso-line-height-rule: exactly;">
<i><sub><span lang="DE" style="color: #00000a; font-family: "Arial","sans-serif"; mso-fareast-font-family: Arial;">Some of us think: places like the Gayhane bear a political
meaning, which is constantly being denied, distracted from and questioned by
you. When white masses appear there, exoticizing us and gazing at us, it drains
these spaces of their political potential. These locations should be empowering
to us, you already have enough white spaces. Our bodies are not screens to
project your orientalist fantasies, your exotification and sexualization.<br />
We do not want to be the white peoples entertainment at Gayhane and
simultaneously get lectured on how music by PoC and Blacks is generally being
“homophobic”, “transphobic” and “sexist”. You must be joking!<br />
We are fed up that you single out and stigmatize some of us as “aggressive”
simply because they address something you can’t bear to hear. This is a strategy
we have observed on listservs, facebook, at work, at university and sexparties.
Enough is enough!</span></sub></i><span lang="DE"><o:p></o:p></span></div>
<div class="Standard" style="line-height: 12.0pt; margin-top: 6.25pt; mso-line-height-rule: exactly;">
<i><sub><span lang="DE" style="color: #00000a; font-family: "Arial","sans-serif"; mso-fareast-font-family: Arial;">In this scene there is no critical reflection on social
structures, but rather a tradition of finding scapegoats*, that makes it easy
to divert from ones own complicity.<br />
Some of us think: I want to stay away from white people in order not to be
consumed, not to have my knowledge, experiences and processes exposed to them
to then find them published on a “antiracist” blog at the end of the day. Some
of us think: whites use a “critique of sexism” in order to legitimize their
racism.</span></sub></i><span lang="DE"><o:p></o:p></span></div>
<div class="Standard" style="line-height: 12.0pt; margin-top: 6.25pt; mso-line-height-rule: exactly;">
<i><sub><span lang="DE" style="color: #00000a; font-family: "Arial","sans-serif"; mso-fareast-font-family: Arial;">Now, it is important for us to strengthen our very own
structures and you know what? We do not want to be bothered by you. Do not
enter our communities to destroy them. Our realities are not your
realities!<br />
Part of our structures, are the districts in which we live, our neighborhoods,
in which we feel protected from racist attacks. You cannot even imagine that
you might be part of the danger. You keep talking about fears concerning the
move of Schwuz to Neukölln, but have you ever considered what Blacks and PoC in
Neukölln are afraid of? Rents are rising, police presence is increasing, drunk
party guests pee in house entrances. And the neonazis are not far – whether
they’re bald or not. Our spaces get converted into your garbage dumps and
become your fantasies of unmanned land with cheap rents. You consider yourself
and your bourgeois squats to be “pioneers” and you don’t even realize how
colonial your language is, you do not see the civilizing mission you are part
of and that you prepare the ground for other white settlers to come. What do
you think Kreuzberg looked like 30 years ago? It was poor, run-down and at the
margin of Westberlin. That is exactly why landlords allowed Blacks and PoC to
live there. Have you ever noticed that there aren’t any neighbours of Color in
your organic food stores and your queer bars? Do you prefer it this way? Stop
investing money into anti-homophobia projects in Wedding, Schöneberg and Neukölln
that target us, the “dangerous brown mass” and start dealing with homo-, and
transphobia within the white society.</span></sub></i><span lang="DE"><o:p></o:p></span></div>
<div class="Standard" style="line-height: 12.0pt; margin-top: 6.25pt; mso-line-height-rule: exactly;">
<i><sub><span lang="DE" style="color: #00000a; font-family: "Arial","sans-serif"; mso-fareast-font-family: Arial;">Our realities are not your realities!<br />
Stop with the categorization of PoC and Blacks as “queer” or “not-really-queer”
or “not-queer-enough” or as “homophobic”. Why are we arbitrarily categorized
and re-categorized? Since when has self-naming and self-identification become a
privilege of white people? We are fed up being measured by standards of the
European homosexual subject of the 19th century.</span></sub></i><span lang="DE"><o:p></o:p></span></div>
<div class="Standard" style="line-height: 12.0pt; margin-top: 6.25pt; mso-line-height-rule: exactly;">
<i><sub><span lang="DE" style="color: #00000a; font-family: "Arial","sans-serif"; mso-fareast-font-family: Arial;">Your categorization is a colonial practice, one that we have
known for way too long. After all, most homophobic laws in former colonies are
legacies of colonial times. In your heads and in this society colonial times
never really ended. You would like us to live in your past and pursue your way
towards emancipation, democracy and freedom. Today, right here and now you
structurally reproduce Christianity without even noticing. Fuck that shit!</span></sub></i><span lang="DE"><o:p></o:p></span></div>
<div class="Standard" style="line-height: 12.0pt; margin-top: 6.25pt; mso-line-height-rule: exactly;">
<i><sub><span lang="DE" style="color: #00000a; font-family: "Arial","sans-serif"; mso-fareast-font-family: Arial;">This is not a theoretical point - these structures affect us individually
and collectively. Critical self-reflection is not too much to ask. We are fed
up with the re-centering of white experiences and perspectives. You are not the
norm of queerness. Queer does not equal white – keep that in mind! Your
one-dimensional conception of “queer” fails to recognize homo,- and
transphobia. If you don’t have any idea how PoC and Blacks do their gender,
their queerness and their lives, how would you even be able to recognize your
trans- and homophobic behaviours?</span></sub></i><span lang="DE"><o:p></o:p></span></div>
<div class="Standard" style="line-height: 12.0pt; margin-top: 6.25pt; mso-line-height-rule: exactly;">
<i><sub><span lang="DE" style="color: #00000a; font-family: "Arial","sans-serif"; mso-fareast-font-family: Arial;">We are queer_trans*_inter*_Black_Muslim*_Arab_Rromni*ja_mixedrace_Mizrahi<br />
_Refugee_Native_Kurdish_Armenian, we sometimes are many of these and much more.
Sisters, brothers and siblings, we are looking out for you.</span></sub></i><span lang="DE"><o:p></o:p></span></div>
<div class="Standard" style="line-height: 12.0pt; margin-top: 6.25pt; mso-line-height-rule: exactly;">
<br /></div>
<div class="Standard" style="line-height: 12.0pt; margin-top: 6.25pt; mso-line-height-rule: exactly;">
<b style="line-height: 12pt;"><sub><span lang="DE" style="color: #00000a; font-family: "Arial","sans-serif"; mso-fareast-font-family: Arial;">O contato direto.</span></sub></b></div>
<div class="Standard" style="line-height: 12.0pt; margin-top: 6.25pt; mso-line-height-rule: exactly;">
<sub><span lang="DE" style="color: #00000a; font-family: "Arial","sans-serif"; mso-fareast-font-family: Arial;">No semestre de verao de 2013, na Universidade Humboldt de
Berlim, eu estudei em dois seminários com a Professora Doutora Grada Kilomba.
Os seminários foram <i>Tongues Without Shame
II </i>e <i>Performing Knowledge</i>. No
primeiro, tivemos contato com a escrita pós-colonial de vários autores, mas
trabalhamos principalmente sobre o livro dela, <i>Plantation Memories - Episodes of Everyday Racism</i>. No segundo,
trabalhamos mais intensivamente, sobre nossas memórias de racismo enquanto
Black and People of Colour, através do Teatro do Oprimido. Nessas classes, conheci
muitas pessoas interessantes e interessadas na coalisao, em relacao ao movimento queer de Berlim. Como na história
do Feminismo, chega o momento de ruptura. O Feminismo de Mulheres Negras cria
seu próprio caminho pois, histórica e politicamente, sao outras formas de
opressao. A alguns meses, chegou esse momento aqui. Me reconheci no texto
acima, em algumas passagens. Aqui, me reconheco como PoC. Esse reconhecimento é
uma posicao política, nao é sobre cor de pele. É sobre privilégios, sobre
estruturas, oportunidades e exclusoes. Sobre quem pode e quem nao pode
aprender, e que tipo de conhecimento é válido. Sobre quais biografias importam,
e quais nao. Sobre valor. Sobre quem pode ser ouvido, e quem nao. A partir
dessas experiencias, eu criei e "apresentei" uma performance, que se
chamou <i>a body in place</i>, um termo
retirado do livro da Grada Kilomba. A performance durou tres horas, num quarto
totalmente escuro. Eu fiquei lá dentro esse tempo, e as pessoas entravam e
saiam. Eu falo sobre o corpo invisível do imigrante.</span></sub><span lang="DE"><o:p></o:p></span></div>
<div class="Standard" style="line-height: 12.0pt; margin-top: 6.25pt; mso-line-height-rule: exactly;">
<sub><span lang="DE" style="color: #00000a; font-family: "Arial","sans-serif"; mso-fareast-font-family: Arial;">Além desses dois seminários, estudei num curso de ingles,
na mesma universidade, <i>Arts and
Humanities I</i>, sobre os temas do Movimento Negro e Imigracao Hispanica
conectado aos Movimentos de Genero e Sexualidades nos Estados Unidos.</span></sub><span lang="DE"><o:p></o:p></span></div>
<div class="Standard" style="line-height: 12.0pt; margin-top: 6.25pt; mso-line-height-rule: exactly;">
<br /></div>
<div class="Standard" style="line-height: 12.0pt; margin-top: 6.25pt; mso-line-height-rule: exactly;">
<b><sub><span lang="DE" style="color: #00000a; font-family: "Arial","sans-serif"; mso-fareast-font-family: Arial;">Pequenas agressoes diárias.</span></sub></b><span lang="DE"><o:p></o:p></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgEY-BUX-C2Oo0DssjFfvFxe4oAdZuSc1OmV9P593ViVy7yDo9O8AzWKossVXtiY-xErJmY4GdGFKeuVbPJGdz2yJKtbcHuFt4bX9B6dmrB7DL83iChqr-bmH47djFb5QVd3Q4zDorXw0Ta/s1600/620957_297949116979123_382605928_o.jpeg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgEY-BUX-C2Oo0DssjFfvFxe4oAdZuSc1OmV9P593ViVy7yDo9O8AzWKossVXtiY-xErJmY4GdGFKeuVbPJGdz2yJKtbcHuFt4bX9B6dmrB7DL83iChqr-bmH47djFb5QVd3Q4zDorXw0Ta/s1600/620957_297949116979123_382605928_o.jpeg" height="213" width="320" /></a></div>
<div class="Standard" style="line-height: 12.0pt; margin-top: 6.25pt; mso-line-height-rule: exactly;">
<sub><span lang="DE" style="color: #00000a; font-family: "Arial","sans-serif"; mso-fareast-font-family: Arial;">Cena 1: Aqui, me identificaram como "homem", num
show da STA!, e fui agredida. Numa festa solidária para o movimento
internacional <i>Stop Transpatologizacion
2012</i>, fui convidada pela organizadora, uma amiga que já tínhamos contato
pela internet, antes mesmo de eu pensar em sair do Brasil. A festa, realizada
de forma autonoma, foi para arrecadar dinheiro para o movimento. Na hora do
show, um grupo de pessoas (que pareciam meninas), ficaram gritando <i>RAUS! </i>para eu cair fora. No final do
show, uma delas jogou cerveja na minha cara. Continuei o show, e minhas amigas
foram falar com ela. Ela disse que eu era um "homem". Minha amiga
questionou: Mas ele nao se considera um homem! E a menina respondeu: Mas ele
tem penis!. Após esse episódio, as pessoas que estavam lá, nas duas semanas que
se seguiram, foram conversar com essa garota, escreveram nas listas de emails,
denunciaram ela no meio de esquerda queer e trans. Ela, tampouco, se retratou.
Me convidaram para escrever uma carta para o espaco, um local de esquerda,
onde, no passado, tinha ido lá concorrer a uma vaga para morar e nao consegui.
Nao quis escrever nada. Aprendi, com essa experiencia, a usar o <i>Trigger Warning</i>, que é um aviso que voce
dá antes de mostrar a obra de arte. Um aviso de que a obra pode trazer à tona
memórias indesejáveis, causar um desconforto ou sensacoes negativas.</span></sub><span lang="DE"><o:p></o:p></span></div>
<div class="Standard" style="line-height: 12.0pt; margin-top: 6.25pt; mso-line-height-rule: exactly;">
<sub><span lang="DE" style="color: #00000a; font-family: "Arial","sans-serif"; mso-fareast-font-family: Arial;">Cena 2: Fui convidada para dar uma palestra e discussao
sobre STA! e a cena no bairro de Kreuzberg, onde vivo, num seminário sobre
queer e imigracao, num mestrado na universidade Humboldt. Falei dos primeiros
momentos em Berlim, ao buscar uma casa para viver conjuntamente com outras
pessoas queer e/ou de esquerda, compartilhar essa experiencia e aprender no
cotidiano, a língua inglesa e alema. Falei que busquei um website que
disponibiliza oportunidades para pessoas que tem essas vivencias, e também
pessoalmente com amigas, e que nao fui aceita porque nao falava ingles ou
alemao. A explicacao foi que era extremamente necessário a conversa entre as
pessoas da casa, já que seria um lugar de troca etc. Um dos estudantes me disse
que nao acreditava no que eu dizia. Eu perguntei o email dele, para enviar os
emails que eu tenho guardado. Ele se calou. No final de semana, fui a uma festa
queer. Nao me lembro de ter sido tao cumprimentada e abracada numa festa, como
fui nessa. Inclusive, as pessoas chegando perto e tentando falar um castelhano
pelo cu para tentar se comunicar comigo.</span></sub><span lang="DE"><o:p></o:p></span></div>
<div class="Standard" style="line-height: 12.0pt; margin-bottom: 10.0pt; mso-line-height-rule: exactly;">
<br /></div>
<div class="Standard" style="line-height: 12.0pt; margin-bottom: 10.0pt; mso-line-height-rule: exactly;">
<b><sub><span lang="DE" style="color: #00000a; font-family: "Arial","sans-serif"; mso-fareast-font-family: Arial;">A vida em Berlim.</span></sub></b><span lang="DE"><o:p></o:p></span></div>
<div class="Standard" style="line-height: 12.0pt; margin-bottom: 10.0pt; mso-line-height-rule: exactly;">
<sub><span lang="DE" style="color: #00000a; font-family: "Arial","sans-serif"; mso-fareast-font-family: Arial;">A experiencia aqui tem sido intensa. Conhecer
pessoalmente, conviver e ver obras de pessoas que eu pesquisava no Brasil como
Bruce La Bruce, Vaginal Davis, os diretores do filme Dzi Croquettes, Peaches,
John Cameron Mitchell, Kumbia Queers, entre tantas mais. Estar em contato
direto com exposicoes, performances, lugares históricos de lutas e resistencias
políticas. E poder estar participando de movimentos alternativos, inclusive
trabalhando para visibilizar à nível internacional, temas tao terriveis que
aconteceram no Brasil como o caso de Pinheirinho e Guarani-Kaiowa.</span></sub><span lang="DE"><o:p></o:p></span></div>
<div class="Standard" style="line-height: 12.0pt; margin-bottom: 10.0pt; mso-line-height-rule: exactly;">
<br /></div>
<div class="Standard" style="line-height: 12.0pt; margin-bottom: 10.0pt; mso-line-height-rule: exactly;">
<b><sub><span lang="DE" style="color: #00000a; font-family: "Arial","sans-serif"; mso-fareast-font-family: Arial;">De resto, sao as marcas.</span></sub></b><span lang="DE"><o:p></o:p></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiQ5mj_a6sapbzkfcxfo4QXD1JVmE58FQ9-oYyI6pP_20fCvkcMAmIF0MF9haGxMdfk_5LBVYaKMT4aXSfvj9sA0cQrOBNl57xjk3T3S40MAmlEumEhDR0Tf6MDQARovtqhDV0hWyaqshij/s1600/total.jpeg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiQ5mj_a6sapbzkfcxfo4QXD1JVmE58FQ9-oYyI6pP_20fCvkcMAmIF0MF9haGxMdfk_5LBVYaKMT4aXSfvj9sA0cQrOBNl57xjk3T3S40MAmlEumEhDR0Tf6MDQARovtqhDV0hWyaqshij/s1600/total.jpeg" height="113" width="200" /></a></div>
<div class="Standard" style="line-height: 13.8pt; margin-bottom: 10.0pt; mso-line-height-rule: exactly;">
<i><sub><span lang="DE" style="color: #00000a; font-family: "Arial","sans-serif"; mso-fareast-font-family: Arial;">E essa marcação terá, além de seus efeitos simbólicos, expressão
social e material. Ela irá permitir que o sujeito seja reconhecido como
pertencendo a uma determinada identidade; que seja incluído ou excluído de
determinados espaços; que seja acolhido ou recusado por um grupo; que possa (ou
não) usufruir de direitos; que possa (ou não) realizar determinadas funções ou
ocupar determinados postos; que tenha deveres ou privilégios; que seja, em
síntese, aprovado, tolerado ou rejeitado</span></sub></i><sub><span lang="DE" style="color: #00000a; font-family: "Arial","sans-serif"; mso-fareast-font-family: Arial;">. (Corpos que escapam, Guacira Lopes Louro)</span></sub><span lang="DE"><o:p></o:p></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="Standard" style="line-height: 12.0pt; margin-bottom: 10.0pt; mso-line-height-rule: exactly;">
<br /></div>
<div class="Standard" style="line-height: 12.0pt; margin-bottom: 10.0pt; mso-line-height-rule: exactly;">
<br /></div>
<div class="Standard" style="line-height: 13.8pt; margin-bottom: 10.0pt; mso-line-height-rule: exactly;">
<b><sub><span lang="DE" style="color: #00000a; font-family: "Arial","sans-serif"; mso-fareast-font-family: Arial;">Referencias Piratas</span></sub></b><span lang="DE"><o:p></o:p></span></div>
<div class="Standard" style="line-height: 13.8pt; margin-bottom: 10.0pt; mso-line-height-rule: exactly;">
<span lang="DE"><a href="http://www.artecruor.com/#!notcias/cim7"><sub><span style="color: blue; font-family: "Arial","sans-serif"; mso-fareast-font-family: Arial;">http://www.artecruor.com/#!notcias/cim7</span></sub></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="Standard" style="line-height: 13.8pt; margin-bottom: 10.0pt; mso-line-height-rule: exactly;">
<span lang="DE"><a href="http://www.mujerescreando.org/pag/articulos/2013/04-08-2013-ximo-mc.html"><sub><span style="color: blue; font-family: "Arial","sans-serif"; mso-fareast-font-family: Arial;">http://www.mujerescreando.org/pag/articulos/2013/04-08-2013-ximo-mc.html</span></sub></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="Standard" style="line-height: 13.8pt; margin-bottom: 10.0pt; mso-line-height-rule: exactly;">
<span lang="DE"><a href="http://books.google.de/books/about/Postcolonial_Melancholia.html?id=BpYHonKn_vIC&redir_esc=y"><sub><span style="color: blue; font-family: "Arial","sans-serif"; mso-fareast-font-family: Arial;">http://books.google.de/books/about/Postcolonial_Melancholia.html?id=BpYHonKn_vIC</span></sub></a><a href="http://books.google.de/books/about/Postcolonial_Melancholia.html?id=BpYHonKn_vIC&redir_esc=y"><sub><span style="color: blue; display: none; font-family: "Arial","sans-serif"; mso-fareast-font-family: Arial; mso-hide: all;">HYPERLINK
"http://books.google.de/books/about/Postcolonial_Melancholia.html?id=BpYHonKn_vIC&redir_esc=y"</span></sub></a><a href="http://books.google.de/books/about/Postcolonial_Melancholia.html?id=BpYHonKn_vIC&redir_esc=y"><sub><span style="color: blue; font-family: "Arial","sans-serif"; mso-fareast-font-family: Arial;">&</span></sub></a><a href="http://books.google.de/books/about/Postcolonial_Melancholia.html?id=BpYHonKn_vIC&redir_esc=y"><sub><span style="color: blue; display: none; font-family: "Arial","sans-serif"; mso-fareast-font-family: Arial; mso-hide: all;">HYPERLINK
"http://books.google.de/books/about/Postcolonial_Melancholia.html?id=BpYHonKn_vIC&redir_esc=y"</span></sub></a><a href="http://books.google.de/books/about/Postcolonial_Melancholia.html?id=BpYHonKn_vIC&redir_esc=y"><sub><span style="color: blue; font-family: "Arial","sans-serif"; mso-fareast-font-family: Arial;">redir_esc=y</span></sub></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="Standard" style="line-height: 13.8pt; margin-bottom: 10.0pt; mso-line-height-rule: exactly;">
<span lang="DE"><a href="http://www.dw.de/com-7-milh%C3%B5es-de-adeptos-nudismo-%C3%A9-pr%C3%A1tica-tradicional-na-alemanha/a-5707351"><sub><span style="color: blue; font-family: "Arial","sans-serif"; mso-fareast-font-family: Arial;">http://www.dw.de/com-7-milh%C3%B5es-de-adeptos-nudismo-%C3%A9-pr%C3%A1tica-tradicional-na-alemanha/a-5707351</span></sub></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="Standard" style="line-height: 13.8pt; margin-bottom: 10.0pt; mso-line-height-rule: exactly;">
<span lang="DE"><a href="http://www.zeit.de/zeit-geschichte/2013/02/freikoerperkultur-nudismus-lebensreform-kaiserreich"><sub><span style="color: blue; font-family: "Arial","sans-serif"; mso-fareast-font-family: Arial;">http://www.zeit.de/zeit-geschichte/2013/02/freikoerperkultur-nudismus-lebensreform-kaiserreich</span></sub></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="Standard" style="line-height: 13.8pt; margin-bottom: 10.0pt; mso-line-height-rule: exactly;">
<span lang="DE"><a href="http://nudiststop.com/node/14993"><sub><span style="color: blue; font-family: "Arial","sans-serif"; mso-fareast-font-family: Arial;">http://nudiststop.com/node/14993</span></sub></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="Standard" style="line-height: 13.8pt; margin-bottom: 10.0pt; mso-line-height-rule: exactly;">
<span lang="DE"><a href="http://www.pibid.ufpr.br/pibid_new/uploads/edfisica2011/arquivo/243/corpos_que_escapam.pdf"><sub><span style="color: blue; font-family: "Arial","sans-serif"; mso-fareast-font-family: Arial;">http://www.pibid.ufpr.br/pibid_new/uploads/edfisica2011/arquivo/243/corpos_que_escapam.pdf</span></sub></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="Standard" style="line-height: 13.8pt; margin-bottom: 10.0pt; mso-line-height-rule: exactly;">
<span lang="DE"><a href="http://www.cerescaico.ufrn.br/mneme/pdf/mneme07/002-p.pdf"><sub><span style="color: blue; font-family: "Arial","sans-serif"; mso-fareast-font-family: Arial;">http://www.cerescaico.ufrn.br/mneme/pdf/mneme07/002-p.pdf</span></sub></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="Standard" style="line-height: 13.8pt; margin-bottom: 10.0pt; mso-line-height-rule: exactly;">
<span lang="DE"><a href="http://www.maiz.at/es/maiz-cultura"><sub><span style="color: blue; font-family: "Arial","sans-serif"; mso-fareast-font-family: Arial;">http://www.maiz.at/es/maiz-cultura</span></sub></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="Standard" style="line-height: 13.8pt; margin-bottom: 10.0pt; mso-line-height-rule: exactly;">
<span lang="DE"><a href="http://otramerica.com/temas/no-se-puede-descolonizar-sin-despatriarcalizar/361"><sub><span style="color: blue; font-family: "Arial","sans-serif"; mso-fareast-font-family: Arial;">http://otramerica.com/temas/no-se-puede-descolonizar-sin-despatriarcalizar/361</span></sub></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="Standard" style="line-height: 13.8pt; margin-bottom: 10.0pt; mso-line-height-rule: exactly;">
<span lang="DE"><a href="http://www.mujerescreando.org/"><sub><span style="color: blue; font-family: "Arial","sans-serif"; mso-fareast-font-family: Arial;">http://www.mujerescreando.org/</span></sub></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="Standard" style="line-height: 13.8pt; margin-bottom: 10.0pt; mso-line-height-rule: exactly;">
<span lang="DE"><a href="http://gradakilomba.com/"><sub><span style="color: blue; font-family: "Arial","sans-serif"; mso-fareast-font-family: Arial;">http://gradakilomba.com/</span></sub></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="Standard" style="line-height: 13.8pt; margin-bottom: 10.0pt; mso-line-height-rule: exactly;">
<span lang="DE"><a href="http://www.stp2012.info/old/pt"><sub><span style="color: blue; font-family: "Arial","sans-serif"; mso-fareast-font-family: Arial;">http://www.stp2012.info/old/pt</span></sub></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="Standard" style="line-height: 13.8pt; margin-bottom: 10.0pt; mso-line-height-rule: exactly;">
<span lang="DE"><a href="http://vimeo.com/51332274"><sub><span style="color: blue; font-family: "Arial","sans-serif"; mso-fareast-font-family: Arial;">http://vimeo.com/51332274</span></sub></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="Standard" style="line-height: 13.8pt; margin-bottom: 10.0pt; mso-line-height-rule: exactly;">
<span lang="DE"><a href="https://soundcloud.com/solangetoaberta"><sub><span style="color: blue; font-family: "Arial","sans-serif"; mso-fareast-font-family: Arial;">https://soundcloud.com/solangetoaberta</span></sub></a><o:p></o:p></span></div>
<span lang="DE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: DE; mso-bidi-font-family: Mangal; mso-bidi-language: HI; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-fareast-language: ZH-CN;"><a href="http://www.cult.ufba.br/enecult2008/14305.pdf"><sub><span style="color: blue; font-family: "Arial","sans-serif"; mso-fareast-font-family: Arial;">http://www.cult.ufba.br/enecult2008/14305.pdf</span></sub></a></span>melhttp://www.blogger.com/profile/11387350699192591513noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5677422163575037911.post-47184299129078139232014-01-21T19:25:00.001-08:002014-01-21T19:26:56.191-08:00Quinta, Sexta e Sábado - <div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
Você não pode perder...</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiSJg7Ylb3pB1x9len06GlsTBAxAm1tVF_5ZTT7wtgzfBfFGrhfue6XmibEDUQ7tjp42LjxzG4XEVzt0I4HqPJEntXn_yykSl4au3mq0Y23btpZdlyqr_skplIoewUBD_acOJJQdcG59tfA/s1600/cartaz_-semana1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="Essa semana " border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiSJg7Ylb3pB1x9len06GlsTBAxAm1tVF_5ZTT7wtgzfBfFGrhfue6XmibEDUQ7tjp42LjxzG4XEVzt0I4HqPJEntXn_yykSl4au3mq0Y23btpZdlyqr_skplIoewUBD_acOJJQdcG59tfA/s1600/cartaz_-semana1.jpg" height="400" title="Cartaz Cena Queer" width="280" /></a></div>
<br />melhttp://www.blogger.com/profile/11387350699192591513noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5677422163575037911.post-80367867960417074982014-01-21T14:30:00.000-08:002014-01-21T14:30:00.620-08:00O que é mesmo queer? E o que tem a Cena Queer com isso?<div class="MsoNormal">
<i><br /></i></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><i>Leandro Colling*</i><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><i><br /></i></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Nos últimos anos, quem estuda sexualidades e gêneros
passou a ouvir a palavra queer com mais frequência no Brasil. As reflexões se
espalharam rapidamente e conceitos centrais dos estudos queer, como
heteronormatividade, heterossexualidade compulsória, performatividade de
gênero, entre outros, hoje são usados em documentos oficiais dos governos, na
imprensa e nas rodas de conversas entre amigos. Mas o que é mesmo queer? E o
que são os estudos queer? E o que isso tudo tem a ver com a Cena Queer?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Queer, em língua inglesa, é (ou era) uma conhecida
forma de insultar os homossexuais. Se ficássemos apenas nesse sentido da
palavra, queer seria algo parecido com bicha, viado, sapatona e todo o amplo
leque de termos usados no Brasil para insultar as pessoas que não são, ou não
aparentam ser, heterossexuais. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">No entanto, o significado do queer vai além disso,
pois também se refere a estranho, a algo que é difícil de definir, a aquilo que
estranha as formas convencionais e as normas. E é a potência desses outros
significados que muito interessa e que faz com que não tenhamos, em língua
portuguesa, uma palavra que dê conta de tudo isso. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Por essa razão, mesmo com todos os problemas,
continuamos a usar a palavra queer, sabendo dos seus riscos. Um deles é o
usarmos uma palavra/conceito que, aos nossos ouvidos brasileiros, soa como algo
bonito, até chique, enquanto que o queer, pelo menos antes dos estudos queer,
remetia a características que poucas pessoas gostariam de ver atribuídas a si. <o:p></o:p></span><br />
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">As pessoas ligadas aos estudos queer no Brasil, na
Espanha, Portugal e na América Latina, desde logo, mesmo usando o termo queer,
sempre se esforçaram para, junto dele, usar palavras em suas línguas que se
aproximam do insulto queer. O grupo de pesquisa que eu ajudei a criar e
coordeno na Universidade Federal da Bahia, por exemplo, remete seu nome para
uma área de nosso corpo tida como abjeta. Trata-se do ânus, ou melhor, do cu.
Por isso, nosso grupo de chama <a href="http://www.politicasdocus.com/">CUS</a>,
por sinal sigla, também, de Cultura e Sexualidade.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Os estudos queer, chamados como tal, começaram a
surgir nos Estados Unidos no final dos anos 80. Várias pessoas se apropriaram
do insulto para usá-lo com a potência do estranhamento das normas sobre a
sexualidade e os gêneros. As reflexões iniciais também estavam conectadas com o
que acontecia no momento nos movimentos LGBT e feminista da época. <o:p></o:p></span><br />
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Parte dos ativistas questionava e criticava o fato
do movimento gay estar cada vez mais normatizado, aspirar o modelo de vida
heterossexual e por rejeitar as pessoas trans, lésbicas e as chamadas “bichas
loucas”, as afeminadas fexativas. Era também uma época crítica para o combate
ao vírus HIV, que o governo ultraconservador de Ronald Reagan insistia em
ignorar. Movimentos como o <a href="http://www.actupny.org/">ACTUP</a>, então,
começaram a realizar ações de desobediência civil, com forte impacto midiático.
Outro coletivo importante foi o <a href="http://queernationny.org/">Queer
Nation</a>. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Já em relação ao movimento feminista, a tensão se
dava especialmente com as lésbicas, que eram rejeitadas pelas mulheres
heterossexuais. Tensões raciais também faziam parte de todo esse processo em
ambos os movimentos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Os estudos queer entraram no Brasil, em especial,
pela área da educação. A professora <a href="http://lattes.cnpq.br/1021533829770484">Guacira Lopes Louro</a> foi e
continua sendo uma das principais divulgadoras desses estudos. Hoje, esses
estudos já são utilizados em outras áreas do saber e ainda provocam muitas
tensões e estranhamentos. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A historinha que contei até agora tem sido recontada
nos últimos dois anos. Isso porque temos identificado, cada vez com mais
intensidade, que já tínhamos pensamentos e ações queer muito antes dos chamados
estudos queer. No Brasil, e também em outros lugares da América Latina, a obra
de <a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/N%C3%A9stor_Perlongher">Nestor
Perlongher</a>, por exemplo, tem sido relida e considerada como um dos nossos
primórdios dos estudos queer. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Em um texto de minha autoria, ainda não publicado,
sugiro que precisamos atentar para o quanto o queer, entre nós, esteve (e
continua estando) presente na literatura (<a href="http://www.joaogilbertonoll.com.br/">João Gilberto Noll</a>), no teatro (<a href="http://www.youtube.com/watch?v=rgy8fXEqw98">Dzi Croquettes</a>) e também
nas obras de pessoas influenciadas por Foucault, Deleuze e Derrida, três
autores franceses centrais para os estudos queer. Um exemplo? <a href="http://lattes.cnpq.br/6420561658900378">Suely Rolnik</a> e o seu <i>Cartografia sentimental, transformações
contemporâneas do desejo</i>, inicialmente publicado em 1989, e Edward MacRae,
em <i>A construção da igualdade</i> e ao
artigo <i>Os respeitosos militantes e as
bichas loucas.</i> Este último texto republicamos no primeiro livro do CUS, que
pode ser acessado <a href="https://repositorio.ufba.br/ri/bitstream/ri/2260/3/Stonewall%2040_cult9_RI.pdf">aqui</a>.<o:p></o:p></span><br />
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Mas o que isso tudo tem a ver com a Cena Queer?
Tudo. Influenciada por reflexões dos estudos queer, a Cena Queer, desde que
surgiu, veio para estranhar. E esse estranhamento não diz respeito apenas a
questões de sexualidade e gênero. Mas esse é o assunto do próximo texto. Aqui,
para terminar, quero falar alguma coisa sobre a relação entre o queer e a
performance e as demais manifestações artísticas. Essa relação esteve presente
desde o início dos estudos queer por várias razões. Vou desenvolver aqui apenas
uma delas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A filósofa <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Judith_Butler">Judith Butler</a>, uma das
mais importantes teóricas dos estudos queer, retirou das performances de
pessoas trans e drags as suas mais importantes reflexões inicias sobre o que
depois veio a chamar de performatividade de gênero. Vendo espetáculos em bares
e o filme <i><a href="http://www.youtube.com/watch?v=pWuzfIeTFAQ">Paris em chamas</a></i>,
Butler pode refletir sobre como o gênero é performatizado não apenas nos
palcos, mas também em nossas vidas cotidianas. De tanto repetirmos aquilo que
nos ensinaram (muitas vezes com violência), naturalizamos as nossas
performatividades de gênero. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Butler revela como isso gera o preconceito e o
desrespeito a quem tem uma performatividade de gênero diferente da esperada
pela sociedade. Com essas reflexões, ela vai burilando obras anteriores, como a
de <a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Monique_Wittig">Monique Wittig</a> e
outras, sobre o caráter compulsório da heterossexualidade, que não diz respeito
apenas a fazer sexo com uma pessoa de outro sexo, mas também tem a ver com toda
uma forma de se comportar socialmente como heterossexual. Ou seja, a
heterossexualidade não é natural como aparenta ser (leia mais sobre isso <a href="http://www.ibahia.com/a/blogs/sexualidade/2012/07/18/por-que-a-heterossexualidade-nao-e-natural/">aqui</a>).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Um parêntese importante: performatividade de gênero,
o conceito, não é a mesma coisa que performance artística, esta que é
deliberadamente pensada para atingir determinado fim e que a cada dia pode ser
modificada. Essa confusão já rendeu muita polêmica, pois as pessoas associaram
a tese da performatividade de gênero com a ideia de que, então, a cada dia uma
pessoa poderia assumir um gênero distinto. Sabemos que as pessoas (pelo menos
não a maioria) não transitam assim rapidamente entre os gêneros. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O que quero salientar é que a relação entre as
discussões entre performatividade e performance sempre foram centrais para os
estudos queer e as práticas artísticas sempre foram usadas e valorizadas como
potentes ações políticas para desconstruir e criticar as normas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Agora compare um pouco disso com a Cena queer e faça
as suas reflexões.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Bons estranhamentos<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Leandro<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
</div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">* professor da Universidade Federal da Bahia,
coordenador do CUS.<o:p></o:p></span></div>
melhttp://www.blogger.com/profile/11387350699192591513noreply@blogger.com